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Devo ou não pagar o Tributo a César?
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E é com esta pergunta feita a Jesus pelos discípulos dos fariseus juntos com os herodianos que eu inicio mais um episódio do Com a Palavra
— Graça e Paz!
Eu sou o Pastor Miquéias Tiago, Teólogo, escritor, psicopedagogo, mestre capelão, administrador de igrejas, fundador e professor no SIDME – Capacitação Eclesiástica e pastor na Igreja Avivamento Pentecostal da Bíblia (sede)
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Dai a César o que é de César
Mateus 22. 15 – 22
15 Então os fariseus retiraram-se e decidiram entre si sobre como o apanhariam em alguma palavra. 16 E enviaram-lhe seus discípulos, juntamente com os herodianos,* para dizer: Mestre, sabemos que és verdadeiro, ensinas o caminho de Deus segundo a verdade e não deixas que ninguém te influencie, pois não consideras a aparência dos homens. 17 Dize-nos, pois: O que te parece? É correto pagar tributo a César, ou não?
18 Percebendo a maldade deles, Jesus respondeu: Hipócritas, por que me colocais à prova? 19 Mostrai-me a moeda do tributo. E trouxeram-lhe um denário.* 20 Ele lhes perguntou: De quem são esta imagem e inscrição? 21 Eles responderam: De César. Então lhes disse: Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
22 Ao ouvirem isso, ficaram admirados; e, deixando-o, retiraram-se.
Introdução
Jesus em um dia que ensinava no templo, foi confrontado por dois grupos opositores que se uniram naquele momento com um único propósito. Encontrar um motivo para que Jesus fosse preso e quem sabe até mesmo morto pelo império romano.
Ali eles levantaram uma questão, que em primeira instancia parace até mesmo sem importancia, mas que na verdade a resposta dada poderia significar grande perigo.
Take2
- A APROXIMAÇÃO
Antes de entendermos do que é ou do quanto se pesa pagar ou não o tributo a César, a ponto de Jesus denunciar que estava sendo tentado por aquele grupo, temos que ver como se deu a aproximação dos fariseus e herodianos para fazer a Jesus uma pergunta tão fatal e cheia de significados
Para isto, vamos fazer uso de ferramentas hermenêuticas e exegéticas para tirarmos o melhor proveito possível em nossa interpretação.
Na escolha do texto base, considerando que o evangelho mais antigo é o de Marcos, poderíamos seguir a partir dele (como inicialmente o fizemos), mas é preciso levar em conta que o fato ocorrido apresentado envolve dois grupos bem arraigados ao Judaísmo (fariseus e herodianos), preferi então, seguir o texto em Mateus, por duas simples questões lógicas:
- A primeira é que: Dentre os evangelistas (Mateus, Marcos e Lucas), Mateus possivelmente tenha presenciado este acontecimento, ou seja, ele foi uma testemunha real, ocular e auditiva, o seu evangelho não é em terceira pessoa como o de Marcos, que vem das memórias de Pedro, nem é fruto de pesquisas como o de Lucas, mas é algo que ele viveu e atentamente registrou.
- O outro fator que também pesa muito para nossa escolha é que muitos eruditos consideram que o Evangelho de Mateus foi destinado aos judeus, como forma de pregação, ligação entre o Antigo e Novo Testamentos e como Mateus tem no judaísmo sua origem religiosa, o seu evangelho serviria como uma confirmação de que este Jesus apresentado aqui era de fato o Messias prometido em todo o Antigo Testamento.
Mas, ainda assim, mesmo com todos estes argumentos, não posso descartar a questão de se tratar de um fato que se repete em três dos quatro evangelhos canônicos do Novo Testamento, o que é fruto do fenômeno conhecido como Evangelho Sinóptico, onde os evangelistas (Mateus, Marcos e Lucas) apresentam o mesmo fato ocorrido de acordo com seu ponto de vista (por isso que é chamado de Sinóptico), então quando for necessário, utilizarei dos outros textos ao longo de nosso diálogo.
Claro que também faremos uma análise mais aprofundada tanto no grego, como no hebraico, pois alguns pensamentos e formas de escritas somente serão bem entendidas se nos rendermos a conceitos antigos e já em desuso em nossa época, como: semitismos, hebraímos e grecicismos que somente são entendidos quando consultadas as línguas dos originais dos textos bíblicos, como também os usos, costumes, geografias e históricos da época em questão.
Bom, dito isto tudo, então vamos mergulhar agora no Evangelho de Mateus, capítulo 22, começando com os versículos 15 e 16:
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15 Então os fariseus retiraram-se e decidiram entre si sobre como o apanhariam em alguma palavra.
16 E enviaram-lhe seus discípulos, juntamente com os herodianos,* para dizer: Mestre, sabemos que és verdadeiro, ensinas o caminho de Deus segundo a verdade e não deixas que ninguém te influencie, pois não consideras a aparência dos homens.
Fariseus e Herodianos
Vários grupos distintos da sociedade israelita no tempo de Jesus eram também, por assim dizer, assíduos frequentadores de suas ministrações.
Neste episódio encontramos os fariseus e os herodianos.
Claro que quando digo grupos quero dizer que existiam outros grupos em Israel no tempo de Jesus que tinham grande importância. vemos presentes ali:
- Os Escribas (ou doutores da lei) que deram origem às sinagogas, Tinham influência pelo seu conhecimento da Torah. ensinavam aos alunos e aconselhava o Sinédrio sobre assuntos jurídicos interpretando a Torah.
- os Saduceus eram aristocratas que criam na união do estado e religião e negavam o mundo espiritual, não crendo em espírito, anjos, demônios, nem ressurreição dos mortos considerando a vida aqui apenas como a única, segundo Flávio Josefo em seu livro Guerra judaica, eles negam o destino, a imortalidade da alma, a recompensa eterna depois da morte e aceitam a vontade livre; socialmente, são descritos como destacando-se por se comportarem como estranhos a seus iguais
- Os Essênios, que era um grupo que se isolou no deserto e por isso não aparecem no Novo Testamento, no entanto, depois de descobertas arqueológicas realizadas lá pelos anos da década de 1940 com a descoberta dos famosos manuscritos do Mar Morto temos acesso a importantes informações sobre este grupo. Até o momento o que sabemos deles é que não reconheciam a autoridade do Sumo Sacerdote nem do culto no Templo em Jerusalém, que trabalhavam, meditavam e esperavam a vinda do Messias e que tinham regras rigorosas de higiene e moral elevadas, levando uma vida simples e discreta.
- Também tinham os Zelotes e Sicários que eram radicais políticos, entre outros e chegavam a utilizar de violência e terrorismo afim de alcançar seus objetivos.
Apresentado, os demais grupos, agora vamos conhecer um pouco dos fariseus e dos herodianos.
Apresentando: os fariseus
Os fariseus, eram conhecidos pelo seu radicalismo. Eles se autodenominavam santos.
Defendiam a separação do Estado e da Religião, mas criam que o Estado deveria ser regido pela Torá, ou como também é conhecido como o Pentateuco, que são os cinco primeiros livros da Bíblia Sagrada, que é também chamada de A Lei de Moisés,
Viviam separados do Povo, buscando evitar a imundície do pecado. Guardavam os ensinamentos de seus mestres (o midrash, mishina e posteriormente o talmude) que consideravam superior até mesmo a Toráh.
Tinham regras de alimentação e conduta, onde consideravam que deveriam se guardar muito mais até mesmo que o sumo sacerdote. Dizimavam até nas mínimas coisas e agiam com tanta hipocrisia (pois faziam e cobravam dos outros publicamente o que consideravam como o certo, mas no íntimo e no secreto agiam de forma contrária). É por isto que Fariseu se tornou sinônimo de hipócrita.
Apresentando: os Herodianos
Os herodianos eram mais como um partido político que, como o próprio nome diz, eram partidários do governo de Herodes. Religiosamente pareciam muito com os saduceus, divergindo apenas em um ou outro ponto.
O que faziam ali?
Esta pergunta faz muito sentido. Ainda mais se observarmos que vários grupos eram opositores ferrenhos de Jesus.
Aqui, em questão, temos dois grupos se unindo com um único propósito de, como diz Richard A. Horsley em seu Livro Jesus e o Império, “apanhar Jesus em contradição para incriminá-lo”.
Os Evangelhos, sem qualquer receio expõe, tanto fariseus, como herodianos como grupos opositores de Jesus e aqui vemos o quão ardilosos eles foram em seu discurso, bem como em sua intenção.
Quando olhamos atentamente para o texto, vemos que os fariseus desta vez não vão diretamente ao embate, mas enviam seus discípulos, juntamente com os herodianos.
Podemos aqui até mesmo inferir que o disfarce escolhido seria a de que os discípulos dos fariseus estavam se dobrando aos ensinos de Jesus.
O que ainda é corroborado pelo fato de estes discípulos estarem aliados a herodianos (opositores naturais dos fariseus)
A forma como o grupo começa o discurso traz alguns pontos que chamam a atenção.
Pois contradizem ensinos e práticas dos fariseus e ainda põem Jesus em um patamar bem acima do que eles publicamente manifestavam
Vejamos então como eles iniciam o seu discurso:
“Mestre, sabemos que és verdadeiro”
Já de início, podemos notar que os discípulos dos fariseus e os herodianos se utilizam de um artifício de manipulação bastante conhecido: aguçar o ego de nosso alvo.
Ao chamá-lo de Mestre, no grego didascalos e no hebraico rabi, vemos aqui, um certo grau de reconhecimento de sua autoridade para ensinar.
Um judeu para ser reconhecido como mestre, deveria ter concluido seus estudos na sinagoga e deveria ter passado por diversas provações, onde seria então reconhecido como mestre.
O Novo Testamento não nos diz se Jesus tenha ou não passado pela escola rabínica, ao passo que ele tinha autorização para leitura da Torá na sinagoga, bem como era-lhe permitido ensinar no Templo.
Talvez, por causa da profundidade do discurso, a autoridade demonstrada sobre o assunto ministrado e a fama que Jesus tenha alcançado sejam o motivo maior de ter alçado a condição de mestre, mas ele seria um rabi, mas por aclamação do povo e não por determinação da sinagoga.
Ao traduzirmos este texto do grego, vemos que a palavra alethees pode ser traduzida por verdadeiro mas também é interpretada como honesto, íntegro, reto e de boa índole.
Outro ponto interessante é que como não temos nenhum texto em hebraico do Evangelho de Mateus que date do primeiro século, o que na verdade também se torna até mesmo impossível, visto que ele não fora escrito originalmente em hebraico, como insistem alguns, mas sim em grego, principalmente pelas construções gramaticais e as formas de pensamentos expostas.
O que temos hoje é o texto em hebraico produzido pela Trinitariam Bible Society, a Hebrew New Testament copyright 1966, 1998, vemos que a palavra utilizada para verdadeiro é ‘emet, ao passo, que segundo o Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, ‘emet se relaciona direta ou indiretamente a Deus, e pensar que os discípulos dos fariseus em conjunto com os herodianos chegariam a tal ponto é forçar um pouco demais a ingenuidade dos opositores.
Acredito que o termo mais apropriado seja tsadaq que desde a sua raiz, a palavra tem basicamente a conotação de conformidade a um padrão moral e ético.
Assim, vemos que tsadaq seria mais apropriado, pois segundo o pensamento do Antigo Testamento o tsadaq anda em conformidade com os padrões da Palavra de Deus e isto seria algo que se esperaria de alguém que prima pela Torá, como os fariseus abertamente expunham seus afazeres.
Aqui, como a intenção é fazer uma armadilha, nada é mais importante do que buscar satisfazer o ego daqueles a quem desejamos laçar.
Pode parecer estranho essa afirmação, mas mesmo que não queiramos prejudicar as pessoas, geralmente quando queremos obter de alguém alguma coisa que nos interessa, nada melhor do que a pessoa abrir a porta e nós termos um belo presente em cima de nossas mãos!
Ao que parece, naquele momento, a honestidade de Jesus ser colocada em evidência pelos discípulos de seus adversários, daria a impressão de que aqueles homens tinham visto em Jesus, algo que faltava em seus líderes e que talvez agora, estariam encontrando nele o que lhes faltava.
ensinas o caminho de Deus segundo a verdade e não deixas que ninguém te influencie
Ao que parece, a estratégia tinha sido muito bem arquitetada. Jesus aqui se encontrava ensinando no Templo e no capítulo 21 no versículo 23, vemos que existiu uma confrontação direta sobre com qual autoridade ele estaria trazendo seus ensinamentos ali.
Jesus não pertencia a nenhum grupo conhecido ou partido político dos judeus.
O ensinamento que ele trazia não era baseado nem no Mishana, muito menos na Midrash ou tampouco no talmude.
Sua pregação estava apenas baseada naquilo que se encontrava nas Escrituras Sagradas da Lei, dos Profetas e dos Escritos, algo que entre os judeus hoje é chamado de Tanach e que os cristão conhecem com o Antigo Testamento da Bíblia Sagrada.
Os Mestres de seu tempo tinham grande influência sobre o povo e sobre outros mestres também. Talvez até encontremos alinhamentos de discursos em muitos escritos, devido a grande influência que eles exerciam em seu tempo
Mestres anteriores a Jesus como Judas ben Safira e Matias ben Margala, tinham grande respeito e admiração da parte de muitos do povo sendo chamados de “os mais sábios dos judeus e intérpretes inigualáveis das leis ancestrais”,
Essa influência era tão grande que seus discípulos chegaram ao ponto de em determinado momento derrubarem a estátua de uma águia dourada (símbolo do império romano) que Herodes havia erigido sobre o grande portão do templo como oferenda votiva a roma, os discípulos de Judas ben Safira e Matias ben Margala criam que assim estavam vingando a honra de Deus.
Aspectos da influência que Jesus exercia nas pessoas eram tão latentes no povo que vemos em diversas ocasiões que muitos ataques não foram realizados por medo de como a população reagiria naquele momento.
Por isto que a cada investida, era necessário maior ardilosidade.
pois não consideras a aparência dos homens.
De fato, Jesus não considerava mesmo a aparência das pessoas.
Não somente beberrões, publicanos e prostitutas rodeavam Jesus durante seu ministério de pregação. Vemos também a presença de crianças, mulheres, soldados, pobres e ricos. Alguns eruditos apontam que as esposas de Herodes e Pilatos eram seguidoras de Jesus.
Outro fator que corrobora para isto é o que diz o Professor de Ciências da Religião Universidade Metodista de São Paulo José Ademar Kaefer, onde em seu livro Arqueologia das Terras da Bíblia, volume 1, apresenta o quadro social de Cafarnaum, que era uma cidade onde prevalecia a pesca e o conserto de redes, não sendo uma cidade greco-romana de população muito pobre, o que facilita a quantidade de pobres e doentes que foram ouvir a Jesus nas bem-aventuranças.
O acesso a Jesus era tão fácil, que se notarmos bem, em Mateus 26. 48, Judas estipula que o sinal que revelaria quem era Jesus era um beijo. Isto porque Jesus podia ser facilmente confundido com qualquer um de seus discípulos, devido a sua simplicidade.
Bom, agora que chegamos até aqui, vamos dar uma pequena pausa em nosso estudo. Ouça novamente, faça apontamentos, levante perguntas e me envie pelo email contato@sidme.com.br ou pelo instagram @pastormiqueiastiago. No mais, até o próximo episódio onde continuaremos com nosso estudo
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Teólogo, pastor, psicopedagogo, mestre capelão, administrador de igrejas, professor de teologia e línguas bíblicas, apaixonado pela Palavra de Deus e pela Tati, que foi com quem se casou. Pai da Lara e da Luíza, segue firme na presença de Deus, firmado sempre na Palavra de Vida Eterna em Jesus Cristo